A. A filosofia na Idade Moderna
- Os filósofos da Idade Moderna apresentavam a preocupação de não enganar-se no que diz respeito a aquisição de conhecimento. A crítica é feita, sobretudo, aos equívocos cometidos pela filosofia medieval, impregnada de religiosidade.
- A procura na maneira de evitar o erro faz surgir a principal característica do pensamento moderno: A questão do método.
- Estes filósofos preocupam-se não somente com a questão do ser (metafísica) mas com outro problema: como conhecemos o ser (epistemologia).
- Há certo realismo na filosofia deste período, pois não colocam em dúvida a existência do ser.
- A atenção é transferida para o sujeito que conhece.
- Duas corretes surgem tentando responder como se dá o processo de conhecimento: Racionalismo e Empirismo.
B. O Racionalismo de René Descartes.
- Ponto de partida: busca de uma verdade primeira, que não possa ser posta em dúvida.
- Assim, transforma a dúvida em método (dúvida metódica)
Cogito: o caminho da dúvida...
- Duvido de todo que existe. Porém, se duvido, é porque penso; se penso, logo existo. (Cogito, ergo sum)
- A conclusão se dá pela evidência lógica, racional, de que é preciso existir para pensar; e não pela percepção do mundo exterior – até mesmo de seu corpo.
- Descartes constrói o racionalismo priorizando o sujeito, não o objeto.
- A evidencia do ser pensante é uma verdade muito clara e distinta à razão. Por isso, deve ser uma verdade universal, base para se construir todo conhecimento. É a verdade primeira, indubitável.
- Descartes admite assim, existir idéias inatas ao homem, próprias da capacidade de pensar.
- O conhecimento se constrói a partir do uso de minha razão. Mas como posso saber que o que eu penso é equivalente ao que existe?
Deus
- Idéia inata de Deus: ser perfeito; deve ter perfeição de existência; senão lhe faltaria algo para que fosse perfeito; portanto existe.
O mundo
- Posso saber que o que penso é o que realmente existe posto que a idéia de perfeição me remete a Deus e ele, por ser perfeito, não me enganaria. Assim, tudo que for tão claro e distinto a razão quanto “penso, logo existo” será também verdadeiro.
Conseqüências do cogito
- Caráter originário do cogito: o sujeito pensante é o princípio de todas as evidências.
- Caráter absoluto e universal da razão: a verdade só de alcança pelo uso da razão.
- Dualismo psicofísico: o homem, ao contrario de Deus, é substância finita, tem corpo físico (res extensa), mas é também um ser pensante (res cogitam)
B. O Empirismo Inglês.
- Crítica ao racionalismo. É contrário à ele: prioriza, portanto, a experiência sensível.
- Tem início com Francis Bacon que sugere a experiência e a investigação como método de conhecimento.
John Locke
- Idéias simples: constituídas a partir da experiência sensível, diz respeito a atributos próprios do objeto.
- Idéias complexas: fruto de reflexão, porém, tem apenas a função prática de ordenar conceitos que são usados nas próximas experiências.
- Sensação: modificação feita na mente através dos sentidos.
- Reflexão: percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre.
- Na experiência percebemos qualidade primarias do objeto – que lhe são prórias, como solidez, número, movimento – e qualidades secundárias – que são dadas pelo sujeito, como cheiro, sabor, som.
- Locke X Descartes => O 1º enfatiza o objeto e o 2º enfatiza o sujeito.
- Críticas à Descartes:
- Não existe idéia inata, todas as idéias são fornecidas pela experiência. “A mente é como uma lousa vazia”.
- A idéia de Deus, por exemplo, não é a mesma e nem existe em todas as sociedades humanas.
David Hume
- Não existe conhecimento fora da experiência.
- Para Hume, o conteúdo da mente é fruto de percepções. As percepções são fruto de impressões (ouvir, ver, amar, odiar) e de idéias, considerada cópia das impressões.
O princípio de associação de idéias
- O conhecimento é resultado de associação de idéias que transformam idéias simples em complexas.
- Tipos de associação:
- Semelhança. Ex: o retrato de um amigo remete a pensar no amigo, por semelhança.
- Contigüidade. Ex: o ouro remete a pensar no amarelo, pois isto lhe é contíguo, ou seja, é atributo do ouro.
- Causalidade. Ex: ver um ferimento lhe remete a pensar na dor, pois um é efeito do outro.
- Mas para Hume a causalidade, ou seja, a idéia de conexão necessária entre um termo e outro, não é dado naturalmente. Julgamos que uma coisa é causa de outra pelo hábito, por ter observado a constância de ocorrências semelhantes.
O limite do conhecimento
- Se o conteúdo da mente é dado pela experiência, a razão encontra nela seu limite.
- Exemplos: Idéia de Montanha de Ouro = Montanha + Ouro; Idéia de Anjo = Corpo humano + Asas.
C. Conclusões
- No século XVII os filósofos preocuparam-se com a questão do “conhecer”, ou seja, como o conhecimento se constrói? Tem limites? Tem regras?
- Duas respostas:
- Racionalismo: A razão do próprio homem é o que lhe permite alcançar as verdades universais
- Empirismo: As idéias são simples cópias das sensações experimentadas pelo sujeito. Sem experiência não há idéia, portanto, não existe idéia inata.
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