Caros alunos,
Este é um pequeno panorama dos
conteúdos que serão cobrados no vestibular da UEL, mas serve para revisar
praticamente todo o conteúdo visto durante este ano. Bom proveito!
Iury A. Pires
Programa de
Filosofia da UEL
EIXO 1-A: Política
Temas: Democracia,
cidadania, jusnaturalismo, contratualismo, poder.
Autores
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Teoria
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Aristóteles
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Justiça e amizade:
Para Aristóteles a “amizades” (philia) tem o sentido de camaradagem,
fraternidade, que é resultante da semelhança de idéias e interesses. Morar na
mesma cidade cria um sentimento de amizade, une as pessoas por estarem em um
local comum. É, de certo modo, uma igualdade. Para assegurar esta igualdade
existe a Justiça. Mas a justiça não significa dar a todos os mesmos direitos
políticos, pois nem todos dispõem de atributos necessários ao governo. Por
isso é justo dar a cada um o que lhe caba, e não o mesmo a todos, pois há
diferenças entre as pessoas.
Quem é cidadão?
Para Aristóteles, é preciso ter prudência
para participar da política. Poucos tem isso. Aristóteles exclui da
cidadania as mulheres, os escravos e os trabalhadores braçais. Os primeiros
por serem “inferirores” e os últimos devido ao ofício braçal, que “embrutece
a alma” e ocupa muito tempo.
As formas de Governo:
Diferente de Platão, que elabora um modelo ideal de governo, Aristóteles diz
haver vários tipos, segundo as características de cada polis. No entanto,
determina um critério para qualificar os governos em bons, ou seja, que visam
o interesse comum, e ruins, quando visam interesse particular de uma pessoa
ou grupo.
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Maquiavel
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Maquiavel além do maquiavelismo: 1)“O Príncipe”: conquista e
manutenção do poder. 2)“Comentário sobre as primeiras décadas de Tito Lívio’:
estabilidade e instalação da República. No capítulo IX de O príncipe,
Maquiavel esboça a idéia de consenso.
Maquiavel utiliza dois conceitos para tratar da ação do príncipe:
Virtú: É a
capacidade de mobilizar os homens e mudar a história. (Força política)
Fortuna: É o acaso.
Deve-se saber agir quando a ocasião for oportuna.
Nova moral: De acordo com as circunstâncias deve se agir
refletindo sobre as conseqüências desta ação, visando os fins coletivos. Separa
Ética de Política => Razão de Estado: não atende anseios ou condutas
morais particulares; faz o que é melhor para conservar o Estado e o poder.
Utilitarista: A ciência
política só tem sentido se propiciar o melhor exercício da arte política.
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Jusnaturalismo e contratualismo
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Jusnaturalismo: Direitos
naturais do Homem
Contratualismo: Contrato
social que funda a sociedade e o Estado.
Hobbes, Locke e Rousseau irão utilizar destes dois artifícios
teóricos como base de suas argumentações. Porém, cada um dará um sentido
diferentes aos mesmos termos. Foi a forma que encontraram para justificar de
maneira lógica a existência do Estado. Em geral podemos separar as teorias em
três etapas: Estado De Natureza, Contrato Social, Sociedade Civil. Além disto
elaboram idéias sobre a extensão da liberdade e da igualdade, além da idéia
de Natureza Humana.
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Hobbes
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Natureza Humana: o Homem é
um ser egoísta e sem pudor. Não mede esforço para conseguir o que quer.
Estado de Natureza: todos
são plenamente livres e tem por direito natural usufruir como bem entender
dos recursos naturais de acordo com sua disposição e capacidade individual.
Problema: sendo o Homem egoísta e ganancioso, o Estado de Natureza se
transforma em Estado de Guerra, visto que os homens facilmente poderiam se
agredir e matar para tomar do outro o que quer, ou mesmo se defender dos
outros. “É a guerra de todos contra todos” onde o “homem é o lobo do homem”.
Isto ocorre por falta de leis e de um poder maior que os obrigue a respeitar
uns aos outros. Por medo, fazem um Pacto Social para estabelecer a ordem.
Pacto Social (ou Contrato
Social): Estabelecido mutuamente onde todos entregam seu poder e sua
liberdade nas mãos de um ente político, o Leviatã, que será o único com
permissão de usar a violência para impor respeito.
Estado Civil: A paz e a
integridade de todos são asseguradas devido as Leis e a Força do Leviatã,
ente de Soberania política. A liberdade das pessoas é extremamente reduzida,
porém, é a única forma de existir pacificamente.
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Locke
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Natureza Humana: o Homem é
um ser pacífico e gregário
Estado de Natureza: todos
são plenamente livres e tem por direitos naturais a vida, a liberdade e os
bens que pode produzir com seu próprio esforço. É um Estado de paz. No
entanto, ninguém pode assegurar que essa paz dure para sempre, portanto, é
preciso uma garantia, por mínima que seja, para manter este estado de coisas.
Pacto Social (ou Contrato
Social): Estabelecido mutuamente criando um governo que deve ter por
objetivo assegurar os direitos naturais.
Estado Civil: o Estado
Civil pauta-se nas leis estabelecidas no pacto que visam proteger os direitos
naturais. Assim, o Estado deve interferir o mínimo possível na vida e na
propriedade das pessoas, visto que estas coisas são propriedades, por
direito, de cada um. Se um Governo não atende a isto, ou seja, se não protege
ou fere algum direito natural, este governo deve ser destruído e criado outro
no lugar.
Obs: Se todos tem direito
a propriedade (bens, vida, liberdade), quem tem mais propriedade, tem mais
direito. Locke oferece uma noção abstrata de igualdade quando diz que todos
tem os mesmos direitos naturais, pois os bens materiais estão distribuídos de
forma desigual, portanto, contraditoriamente a igualdade de direitos.
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Rousseau
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Natureza Humana: o Homem é
um ser pacífico e gregário
Estado de Natureza: os
homens viviam sadios, felizes e cuidando de sua própria subsistência até o
momento em que se criou a propriedade privada. A partir daí, uns passaram a
trabalhar para os outros, havendo miséria e escravidão. Esse pacto forjado na
desigualdade é injusto e deve dar lugar a outro verdadeiramente legítimo.
Pacto Social (ou Contrato
Social): O contrato social legítimo é pautado no consentimento unânime. Todos
abdicam de sua liberdade para criar um corpo coletivo, um ente comum. Assim,
ninguém estará perdendo nada, pois ao abrir mão da liberdade individual para
criar leis coletivas e consentidas, todos tornam-se mutuamente livres. “a
obediência à lei que se estatuiu a si mesma é liberdade”(Rousseau).
Estado Civil: o Governo é
criado, portanto, como ente que executa as leis criadas pelo povo. O povo tem
participação direta na política, ocupando a função de agente legislativo.
Assim, o povo é detentor da soberania, pois sendo as leis expressão
da vontade geral, todos obedecem a si mesmos e são livres.
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Habermas
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Sobre sua teoria discursiva, aplicada também à filosofia jurídica,
pode ser considerada em prol da integração social e, como consequência, da
democracia e da cidadania. Tal teoria coloca a possibilidade de resolução dos
conflitos vigentes na sociedade não com uma simples solução, mas a melhor
solução - aquela que resulta do consenso de todos os concernidos. (ver EIXO
1-B)
Sua maior relevância está, indubitavelmente, em pretender o fim da
arbitrariedade e da coerção nas questões que circundam toda a comunidade, propondo
uma participação mais ativa e igualitária de todos os cidadãos nos litígios
que os envolvem e, concomitantemente, obter a tão almejada justiça. Essa
forma defendida por Habermas é o agir comunicativo que se ramifica no
discurso.
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EIXO 1-B: Ética
Temas: Liberdade,
justiça.
Autores
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Teoria
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Platão
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Em A República, Platão
preocupa-se em criar um governo justo. Para ele, o governo justo seria aquele
que daria a cada pessoa um ofício segundo sua aptidão, sua virtude.
No mito da carverna ,
Platão descreve como o filósofo pode alcançar a virtude ao sair da caverna e
contemplar O Bem. Assim, alcançar o
bem esta relacionada a capacidade de compreender o bem. Só o filósofo atinge
o nível mais alto de sabedoria, só a ele cabe a virtude maior da justiça e
portanto lhe é reservada a função de governar. Outras virtudes menores
caberão aos soldados e trabalhadores da república. Embora menores, são
virtudes importantes para a sustentação da república.
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Aristóteles
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Discípulo de Paltão, Aristóteles também afirma que a virtude é
alcançada com a reflexão, com a racionalidade. Para ele, está associada a
busca da felicidade, que é alcançada através do controle racional das paixões
e desejos.
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Espinosa*
Baruch Spinoza ou Bento
de Espinoza, foi um filósofo holandês, judeu, que viveu durante o século
XVII (1632-1677)
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Espinosa procurou estudar o comportamento moral, a fim de saber o que
permite ou o que impede o exercício da liberdade.
Há duas concepções clássicas sobre a liberdade:
Determinismo=> que negam
a liberdade, pois o homem estaria submetido a condições e forças externas ou
internas que determinam sua conduta.
Livre-arbítrio=> que
vêem no querer uma livre expressão de sua vontade, orientada pela razão.
Espinosa, numa teoria inovadora, irá dizer que não importa sabermos
se somos livres ou determinados, mas como podemos exercer a liberdade a
partir dos determinismos.
Para explicar isto, Espinosa elabora uma relação entre corpo e alma.
Não há entre corpo e alma uma separação ou uma hierarquização, ou seja, a
alma não domina o corpo e vice-versa. Os dois estão unidos e um é reflexo do
outro. Se um está bem, o outro também estará.
Espinosa diz que todos temos uma força vital, que é uma potência
natural de autoconcervação. Esta força vital é chamada de conatus e se expressa no corpo como apetite e na alma como desejo. A intensidade do conatus depende da qualidade de nossos
apetites e desejos.
Paixões: o que determina
nossos desejos são as paixões alegres
e as paixões tristes. Segundo
Espinosa, as paixões alegres são mais fortes que as paixões tristes. Cada uma
gera desejos que influenciam o conatus.
Ex:
Os desejos nascidos da alegria (amor, amizade, generosidade,
benevolência, gratidão, etc) são mais forte porque aumentam nossa capacidade
de agir, conhecer, desenvolver e aproxima as pessoas. Temos uma conduta
ativa.
Os desejos nascidos da tristeza (inveja, ódio, medo, orgulho,
ciúme, vingança, etc.) são mais fracos, pois impedem o crescimento, corrompem
as relações e se orientam para as formas de exploração e destruição. Temos
uma conduta passiva.
Mas os desejos não podem ser controlados pela razão. Apenas um desejo
mais forte é capaz de superar outro desejo. Uma paixão triste só é superada
com uma paixão alegre, que é mais forte.
Até aqui, poderíamos concluir que Espinosa é um determinista, pois
são as paixões que determinam nossos desejos. Mas é aí que Espinosa nos
surpreende: o caminho para a autonomia, a liberdade, é justamente compreender
que as causas das paixões somos nós mesmos, e neste sentido, podemos então
buscar sobrepor paixões alegres sobre as tristes.
Liberdade é autodeterminação,
é autonomia: Somos autônomos quando o que acontece em nós é explicado
pela nossa própria natureza, e não por causas externas.
Conclusão: Se a liberdade
se encontra em um autoconhecimento, então, as noções morais baseadas no
dever, no mérito, no pecado e no perdão, são impróprias.
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Rousseau
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Fundamenta a Ética no argumento jusnaturalista,
ou seja, no princípio de que todo homem nasce com direitos naturais
inalienáveis, como a vida e a liberdade. A conservação destes direitos ocorre
por meio de leis criadas pelo povo, expressando a vontade geral. As leis são
instrumento de liberdade, pois não se pode tornar prisioneiro da lei que
criou para si próprio.
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Kant
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Fundamenta a Ética com base na razão. Diferente dos outros
iluministas, Kant diz que a vontade humana é verdadeiramente moral quando
regida por imperativos categóricos.
Imperativo categórico é
assim chamado por ser autônomo, incondicionado, absoluto, voltado para a
realização da Ação tendo em vista o dever.
Nas palavras de Kant: “Aja de tal modo que a máxima de sua ação possa
sempre valer como princípio universal”; “Aja de tal modo que trate a humanidade,
tanto na sua pessoa como na do outro, como fim e não apenas como meio.
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Habermas
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Para Habermas, a ética não pode se fundamentar em normas abstratas e
universais, nem depende da subjetividade narcísica de cada um (crítica a
Kant). Ela deve surgir do consenso do grupo, construída no diálogo em que
todos podem colaborar igualmente, sem que haja pressões de poder político ou
econômico.
Para que isto aconteça é preciso criar uma situação ideal de fala, por meio de uma ética do discurso, ou seja: uma situação onde todos podem falar e
serem ouvidos e tenham critérios para validar os argumentos. Como todo têm o
mesmo objetivo, chegarão a um consenso sobre as normas éticas. É a ação comunicativa, portanto, que cria
a ética.
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EIXO 2-A: Conhecimento, Ciência, Método.
Temas: Sensibilidade,
empirismo, razão, racionalismo, verdade, método, ciência, crítica ao
positivismo.
Autores
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Teoria
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Platão
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Mito da
Caverna:
O conhecimento ocorre quando temos coragem de sair da caverna e enxergar a
verdadeira realidade.
Mundo sensível
(mutável, imperfeito): onde vivemos=> tudo que existe é uma derivação “imprecisa” da
coisa verdadeira, que está no mundo das idéias.
Mundo das
idéias (imutável, perfeito): onde está todas as coisas verdadeiras,
essenciais.
O sentidos
do corpo só servem para nos fazer lembrar da verdadeira essência das coisas,
que estão no mundo das idéias.
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Aristóteles
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A teoria de
Aristóteles se baseia em três distinções fundamentais:
Substância-essência-acidente;
ato-potência; forma-matéria
Substância: “a coisa em si”, ou
seja, enquanto para Platão uma abelha existe pois é derivada da idéia de
abelha, para Aristóteles o conceito de abelha se deriva da síntese
comparativa entre várias abelhas. Conclusão: a abelha é uma abelha, pois tem
características essenciais que nos permite dizer que ela é uma abelha. A
substância é, portanto, suporte dos atributos de um ser.
Essência: algo que, se faltasse, a
substância não seria o que é.
Acidente: atributos que podem ou
não ocorrer à substância.
Matéria: “aquilo de que é feito
algo”. Mas não é como nós concebemos a matéria, na física, pois para
Aristóteles matéria é algo
indeterminado.
Forma: “Aquilo que faz com que
uma coisa seja o que é”.
Todo ser é composto de matéria e forma. São princípios
indissociáveis. Isto quer dizer que a matéria só existe em alguma forma, não
há matéria sem forma.
Potência: capacidade de tornar-se
outra coisa.
Ato: A ação, a coisa, aquilo
que é, em um momento.
Movimento: Passagem da potência
para o ato. Ex: a semente (em ato)
é potencialmente uma árvore.
Mas nada se
transforma sozinho: tudo que existe, dependeu de outro ser existente anterior
para transformá-lo no que é.
Deus, Ato Puro: Se tudo que existe depende de um ser
anterior, o que ou quem deu início a tudo? Deus... ele é ato puro, nada, nem
ninguém o fez, mas ele fez todo o resto. Quem veio primeiro: o ovo ou
galinha? Resposta: Deus.
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Descartes
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Racionalismo: Determinou que a razão é a única fonte do
conhecimento.
Método: Dúvida metódica=> somente aquilo que não puder ser colocado em
dúvida será verdadeiro. Como chegou a
esta conclusão? Assim: Pensou em colocar a prova tudo aquilo que via e
sabia: “duvido de tudo o que existe. Porém se duvido, é porque penso. Se
penso, logo existo” (cogito, ergo sum). Determinou que esta é a primeira
verdade indubitável (é preciso existir para pensar) e que tudo que fosse tão claro
e exato quanto esta primeira
verdade seria também verdadeiro.
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Francis Bacon*
(1561-1626), apesar de ser destacar na
afirmação do empirismo, esta escola de pensamento remonta a Roger Bacon (séc.XIII).
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Em seu livro
Novum Organum (Novo órgão) onde
“órgão” é entendido como instrumento do
pensamento, rejeita o lógica dedutiva de Aristóteles e apresenta a indução como método realmente
válido. Assim, diz que só através da investigação e da experimentação se pode obter resultados verdadeiros.
Delineia, portanto, o princípio básico do empirismo: a experiência sensível é a única fonte de
conhecimento.
Seu lema
“saber é poder” expressa o saber instrumental, isto é, construir conhecimento
para melhorar a capacidade humana de dominar a natureza e dela tirar
proveito.
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Hume
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Empirismo: Para Hume, o conteúdo da mente é fruto de
percepções. As percepções são fruto de impressões (ouvir, ver, amar, odiar) e
de idéias, considerada cópia das impressões.
O princípio de associação de idéias
O
conhecimento é resultado de associação de idéias que transformam idéias
simples em complexas.
Tipos de
associação:
Semelhança. Ex: o retrato de um amigo remete a pensar
no amigo, pois ambos são semelhantes.
Contigüidade. Ex: o ouro remete a pensar no amarelo,
pois isto lhe é contíguo, ou seja, é atributo do ouro.
Causalidade. Ex: ver um ferimento lhe remete a pensar
na dor, pois um é efeito do outro.
Mas para
Hume a causalidade, ou seja, a idéia de conexão necessária entre um termo e
outro, não é dado naturalmente. Julgamos que uma coisa é causa de outra pelo
hábito, por ter observado a constância de ocorrências semelhantes. Supomos
que um ferimento dói pois sempre sentimos dor quando nos machucamos, isto é
um hábito: e se eu me cortar e não sentir dor? A suposição estará errada.
O limite do conhecimento
Se o
conteúdo da mente é dado pela experiência, a razão encontra nela seu limite.
Exemplos:
Idéia de Montanha de Ouro = Montanha + Ouro; Idéia de Anjo = Corpo humano +
Asas
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Kant
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Seu método é o criticismo,
pois colocará o racionalismo e o empirismo à prova, fazendo critica a ambos,
superando-os.
O conhecimento é constituído por matéria
e forma.
Para conhecer as coisas precisamos ter delas uma experiência (concordância
com os empiristas). Mas esta experiência só se realiza porque a organizamos
por formas da nossa sensibilidade (a priori), ou seja, anteriores a qualquer
experiência e condição para que ela ocorra. Por exemplo: tudo que conhecemos
organizamos a partir das formas a
priori de espaço e tempo. Isto é uma condição racional para compreender a
experiência sensível. (concordância com os racionalistas)
Mas o que conhecemos é o que realmente existe em si ou é apenas
aquilo que conseguimos organizar pelo pensamento? Em outras palavras: o
objeto que eu vejo é mesmo o que eu estou vendo ou é apenas o que eu consigo
ver?
De acordo com Kant, conclui-se que: se o ato de conhecer depende de
nossa capacidade a priori então não
podemos conhecer o que as coisas são em si (noúmeno), mas apenas o que estas coisas parecem para nós (fenômeno).
A filosofia de Kant também é chamada idealista, pois apesar de afirmar que o conhecimento se dá pela
experiência, esta só ocorre a partir de formas de pensar (idéias) contidas em
nós.
Revolução Copernicana: Assim
como Copérnico disse não ser o Sol que gira em torno da Terra, mas esta que
gira em torno dele, também Kant afirma que o conhecimento não reflete o
objeto mas é o próprio espírito que constrói o objeto de seu saber. Nesses
sentido, Kant realizou uma revolução copernicana no campo da teoria do
conhecimento.
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Galileu*
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Galileu, que viveu durante o auge do renascimento cultural, é
considerado pai da ciência moderna, pois elabora um método que supera as
deduções filosóficas clássicas, principalmente as de Aristóteles.
Seu método é indutivo-dedutivo,
ou seja, ao passo que busca na experiência a fonte de seu conhecimento,
procura descrever detalhadamente cada experiência e elaborar então hipóteses
a partir das anotações. Com isso, passa não somente a responder por que as coisas acontecem, mas como acontecem.
Por outro lado, a cada hipótese que cria, busca confirmá-la com a
experimentação. Portanto, o que dá validade científica aos processos
intelectuais é que os resultados devem ser submetidos à comprovação.
Desta forma, Galileu comprova a teoria heliocêntrica de Copérnico e
elabora os princípios que levariam Isaac Newton a afirmar as leis da
gravidade e da inércia.
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Karl Popper*
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Popper se preocupa com a validade do conhecimento científico. No
entanto, afirma que em vez de um cientista dedicar-se a buscar justificação
para sua teoria, deveria preocupar-se em colocá-la à prova, isto é, pensar
possíveis maneiras de demonstrar que sua própria teoria seria falsa,
utilizando-se para isto da experiência. Assim, se a teoria resiste à
refutação pela experiência, ela é confirmada, ou seja, é verdadeira.
Esta forma de verificar a validade de uma teoria pode ser chamada de princípio da refutabilidade empírica.
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EIXO 2-B: Razão instrumental.
Temas: Ciência
e técnica, razão instrumental, crítica e possibilidade de autonomia.
Autores
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Teoria
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Adorno e Horkheimer
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Estes autores são os fundadores da corrente filosófica conhecida como
Escola de Frankfurt ou Teoria Crítica.
Os filósofos desta escola de pensamento viveram uma fase que pode ser
chamada como ressaca da razão pois
afirmam que ninguém adere à razão inocentemente, ou seja, sem utilizar-se
dela para seus interesses. Observando os efeitos dos avanços técnicos sobre a
vida humana, concluem que a razão não é instrumento de libertação do homem,
antes, é instrumento de dominação do homem pelo homem. (ver EIXO 3-B)
Criticam a razão instrumental,
que é a ciência aliada a técnica, produzindo maquinas mais eficientes e que
colaboram na exploração e dominação. O momento em que vivem demonstra bem
isto: Segunda Guerra Mundial => nações como Alemanha, URSS, EUA e
Inglaterra utilizam dos conhecimentos científicos para criar armas mais
eficazes. É a ciência a serviço do capital.
Como então, o homem pode libertar-se deste meio perverso criado pela
própria razão? Resposta: A emancipação do homem só pode ocorrer no âmbito
individual, quando cada um, utilizando-se de sua capacidade crítica,
conseguir livrar-se das “forças obscuras” que invadem esta mesma razão.
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Habermas
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Este autor pertenceu à Escola de Frankfurt. Porém, devido a
divergências teóricas, foi expulso do grupo pelo seu criador, Theodor Adorno
(visto anteriormente).
Teoria da ação comunicativa:
Critica a reflexão solitária defendida pelos filósofos até então, dentre eles
Adorno e Horkheimer. Propõe que a razão não seja monológica (feita
solitariamente e sem respostas de outro sujeito) mas dialógica: os sujeitos, situados historicamente, utilizando-se da
linguagem, estabelecem uma relação interpessoal, criando uma comunidade
comunicativa.
Essa pluralidade de vozes, porém, não significa que todos irão dizer
o que pensam, sem se preocupar se os outros irão, ou não, entender ou aceitar
suas ideias. Habermas diz que para se construir conhecimento todos devem ter
objetivos comuns e estabelecer critérios de validade dos discursos. Assim, pautados
sobre os mesmos critérios, e sem sobreposição de um sujeito sobre outro,
todos teriam voz e também escutariam, colaborando mutuamente para a
construção do conhecimento. Esta situação hipotética é chamada de situação ideal de fala.
Com isso, Habermas resgata a possibilidade de utilizar a razão para
“fins benéficos”, a partir de uma ética
do discurso. (ver EIXO 1-B)
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EIXO 3-A: Experiência Estética
Temas: Noção
de beleza na Grécia antiga; o naturalismo grego.
Autores
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Teoria
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Platão e Aristóteles
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Em primeiro lugar, Patão tenta definir o que é belo de forma
objetiva. Para ele, o belo é algo em si, ou seja, tem sua existência ideal e
tudo o que julgamos belo são coisas que se aproximam do conceito ideal de
belo.
Os gregos tinham como conceito de experiência estética o naturalismo.
O naturalismo consiste, basicamente, em colocar diante do observador uma
semelhança convincente das aparências reais das coisas.
O naturalismo grego é fundado na idéia de mimesis, que na tradução literal seria “imitação”, mas o sentido
mais correto seria “representação”, dado que para Platão as palavras “imitam”
a realidade.
Para Aristóteles, a arte “imita” a natureza. Mas Aristóteles
englobava todos os ofícios manuais, da agricultura às belas-artes, no
conceito de arte. Para ele, a arte imitava a natureza pois assim como a arte
é produto de uma “criação a partir do nada”, realizando uma passagem do
“não-ser para o ser”, imita a natureza no ato de criar.
Também para Aristóteles, todo ofício manual e toda educação
completavam o que a natureza não terminou.
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EIXO 3-B: Indústria Cultural e Cultura de Massa
Temas: reprodutibilidade
técnica da arte; cultura de massa.
Autores
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Teoria
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Adorno
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Industria
cultural é um termo cunhado por Theodor Adorno que traz uma crítica a
razão instrumental, usada na organização das forças produtiva. Trata-se de
uma crítica ao sistema capitalista levando o olhar para a produção de arte como mercadoria e como
alienada.
Em meados do século XX, com o desenvolvimento
tecnológico, que a princípio na formulação iluminista seria como a libertação
do mundo da magia e do mito, para efetivar um pensamento racional fundado na
ciência e na tecnologia, Adorno contesta tal formulação, pois ao invés de se
libertar, o homem torna-se vítima de sua empreitada: o progresso e a
dominação técnica.
A idéia de uma indústria cultural é que o sistema
capitalista mecaniza o próprio homem
até em seu momento de ócio, ou seja, lazer. A fabricação de produtos para distração é
que determina os gostos e hábitos dos homens. O momento que Adorno levanta
tal crítica é de consolidação do cinema, ícone do desenvolvimento técnico no
âmbito da arte. Lembrando que arte até então era algo contemplado por poucos
e também de criação individual e peculiar.
Pensar o cinema como uma produção para as massas
é pensar que a dominação do capitalismo assola também a arte, uma vez que a
produção cinematográfica é a reprodução da produtividade industrial, ou seja,
baseado na produção em larga escala.
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Benjamin*
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Em seu ensaio “A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade
Técnica” Walter Benjamin reflete sobre os efeitos da reprodução técnica da
arte. Antes, a obra de arte era algo único, no qual poucos tinham acesso,
pois era preciso presenciar sua beleza. Benjamin destaca que a apreciação de
uma obra de arte depende da interação do público com ela. Nisso, a obra de
arte tem, então, uma aura: é o
“aqui e agora” que a torna admirável, pois não pode ser reproduzida: ela é
única.
Com o advento da foto, do rádio e do cinema, a obra de arte passou a
ser amplamente reproduzida, ampliando o público que lhe tem acesso. Assim, a
obra de arte perde seu lugar sagrado, restrito as elites. Perde também sua
aura, pois não se tem mais o “aqui e agora” que a torna única: ela pode ser
reproduzida em qualquer lugar.
Por outro lado, esse processo contém um germe positivo, na medida em
que possibilita um outro relacionamento das massas com a arte, dotando-as de
um instrumento eficaz de renovação das estruturas sociais. Trata-se de uma
postura otimista, que foi criticada por parte de Adorno.
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Olá boa noite. Esse é o conteúdo completo da filosofia cobrada pela uel? Não consta a mitologia, socrates e os sofistas?
ResponderExcluirCaramba!! Obrigada! vou dar uma lida com calma, mas acredito que é um resumo legal de algumas coisas que caem na uel!
ResponderExcluirCaramba!! Obrigada! vou dar uma lida com calma, mas acredito que é um resumo legal de algumas coisas que caem na uel!
ResponderExcluirVelho, você salvou a minha vida... Não tenho palavras para expressar o quão estou grato..
ResponderExcluirmuito bom!
ResponderExcluirMuito legal! Pena que só vi na véspera da prova!
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