A. Filosofia Primeira e Filosofia Segunda.
· Desde sua origem a Filosofia buscou elaborar conceitos que permitissem compreender o real
· A trajetória traçada por Parmênides, Platão e Aristóteles busca conceitos que explicassem o ser em geral. Aristóteles a denominou Filosofia Primeira, hoje conhecida como Metafísica.*
Metafísica
Quando as obras de Aristóteles foram organizadas por Andrônico de Rodes (sec.Ia.C), este colocou os escritos de Filosofia primeira depois dos escritos de Física (Filosofia segunda): Meta Física, ou “depois da Física”. Com o tempo, o termo “depois” passou a ser entendido como “além”, por causa de sua busca de conceitos universais, distantes do sensível.
· A Filosofia Primeira não é primeira na ordem do conhecer, pois Aristóteles admite que todo conhecimento parte da percepção do sensível. Aristóteles a chama assim pois ela busca as causas mais universais (e portanto, mais distantes do sensível) e que são as mais fundamentais na ordem real. É o estudo do “ser enquanto ser”, independente de suas particularidades.
· A Metafísica fornece à todas as ciências o fundamento comum, o objeto a qual todos se referem e os princípios dos quais dependem, como: identidade, oposição, diferença, gênero, espécie, todo, parte, perfeição, unidade, necessidade, possibilidade, realidade, etc.
· Nenhuma ciência examina estes conceitos, quem tem este objetivo é a metafísica.
· A Ciência é o saber que envolve conhecimento dos seres particulares (Filosofia Segunda).
B. A Ciência Aristotélica.
· Por trás da ciência aristotélica há uma série de noções metafísicas, quanto a natureza dos corpos e do movimento.
· Aristóteles se refere a quatro formas de movimento:
o Movimento local: que ocorre na substância.
o Movimento qualitativo: quando a substância tem uma qualidade alterada. Ex: o analfabeto que aprende a ler.
o Movimento quantitativo: como o da planta que cresce, pois altera seu tamanho.
o Mudança substancial: quando um ser passa a existir (geração) ou deixa de existir (destruição).
· Como o movimento é a passagem da potência para o ato, deve-se identificar as causas desta passagem. São quatro:
o Causa Material: aquilo de que uma coisa é feita
o Causa Eficiente: aquilo com que a coisa é feita.
o Causa Formal: aquilo que a coisa vai ser.
o Causa Final: aquilo para o qual a coisa foi feita.
EXEMPLO: Quando o artesão esculpe uma estátua: a causa material é o mármore; a causa eficiente é o escultor, a causa formal é a forma que a estátua adquire, a causa final é o motivo, a finalidade para qual a estátua foi feita.
· Física aristotélica: é a ciência que trata do ser em movimento.
o Os corpos são classificados a partir da teoria dos quatro elementos do pré-socrático Empédocles: Terra, fogo, ar e água.
o Os corpos estão dispostos, cada um em seu lugar natural segundo sua essência.
o Teoria da Queda dos corpos: peso e leveza são qualidades definem formas diferentes de movimento. Ar e Fogo (leves) estão em cima; Terra e água (pesados) estão embaixo.
o Movimento Natural: quando a coisa retorna ao seu lugar natural. Ao chegar, permanece em repouso.
o Movimento violento: que altera a ordem natural. São causados pela ação humana.
C. Lógica
· Chamamos de inferência todo caminho que se percorre e que se alcança uma conclusão.
· Aristóteles chamou de silogismo a inferência que utiliza duas proposições (afirmativas ou negativas, parcial ou total) para compor uma terceira proposição conclusiva. Vejamos o exemplo:
Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal. | ß 1ª proposição (premissa maior) ß 2ª proposição (premissa menor) ß Conclusão. |
· O que é proposição? à É a expressão de juízo que se faz sobre dois termos: afirma ou nega a identidade entre eles. Tanto a afirmação quanto a negação podem ser totais (todos/nenhum), como parciais (alguns).
· O que são termos? à São conceitos, como homem, mortal, Sócrates.
· Assim, no exemplo, a 1ª proposição afirma que os termos “homem” e “mortal” tem identidade. Homem = Mortal. (A=B)
· O que é premissa? à É uma proposição que se tem como verdadeira e que é base para se concluir novas verdades.
· Podemos perceber sua regra geral de funcionamento:
A é verdade de B. B é verdade de C. Logo, A é verdade de C. |
· De acordo com esta explicação podemos entender por que Aristóteles o chama de silogismo: Silogismo significa “ligação”. De acordo com a regra, o termo B acaba ligando os outros termos (A e C), pois é comum aos dois. Chamamos o termo B, portanto, de termo médio, e os outros dois de extremos, dado que estão inicialmente separados. Este raciocínio liga os dois extremos. Daí que a arte do silogismo é saber identificar o termo médio que ligará os extremos.
· Estrutura do silogismo:
1ª proposição (premissa maior) 2ª proposição (premissa menor) Conclusão. | à termo médio = extremo maior à termo médio = extremo menor à extremo menor = extremo maior |
· Considerações importantes sobre o silogismo:
1. Nunca se conclui mais do que já foi dito.
2. Serve apenas para organizar o conhecimento anteriormente adquirido. Ele não fornece um conhecimento novo.
3. Seu método serve para verificar se o raciocínio é válido ou não (falso).
O raciocínio considerado falso, por ferir alguma regra de funcionamento ou obtiver conclusão absurda, é chamado Falacia.
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