segunda-feira, 30 de maio de 2011

AULA 9 - A sociologia compreensiva de Max Weber


A.   Por uma perspectiva histórica da particularidade.
·        Como vimos anteriormente com Durkheim, influenciado pelo positivismo, este autor traça estágios de evolução das sociedades, não importando as características particulares de cada grupo social, pois entende-se que ele, independente disto, esta em uma fase evolutiva. Em outras palavras, o esquema teórico de Durkheim é dotado de uma visão universalista, suprimindo as particularidades.
·        Para Weber, o caráter particular e específico de cada formação social e histórica deve ser respeitado. O conhecimento histórico, entendido como busca de evidências, torna-se um poderoso instrumento para o cientista social.
·        Weber, entretanto, não achava que uma sucessão de fatos fizesse sentido por si mesma. Para ele, todo historiador trabalhava com dados esparsos e fragmentários. Por isso, propunha para suas análises o método compreensivo, isto é, um esforço interpretativo do passado e suas repercussões nas características típicas das sociedades contemporâneas. Essa atitude de compreensão é que permite ao cientista atribuir aos fatos esparsos um sentido social e histórico.

B.   A ação social, uma ação com sentido.
·        Diferente de Durkheim, o ponto de partida de Weber não é as entidades coletivas, grupos ou instituições de uma sociedade. Seu objeto de investigação a ação social, a conduta humana dotada de sentido, isto é, de uma justificativa subjetivamente elaborada.
·        O homem passou a ter, como indivíduo, na teoria weberiana, significado e especificidade. É o agente social que dá sentido à sua ação: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.
·         Na teoria durkheimiana, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles. Para Weber não existe a oposição entre individuo e sociedade: as normas sociais são consideradas concretas sob a forma de motivação (o que leva um indivíduo a agir). Cada sujeito age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais ou emotividade.
·         O motivo que transparece na ação social permite desvendar seu sentido, que é social na medida em que cada individuo age levando em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos. Um ator age sempre em função de sua motivação e da consciência de agir em relação a outros atores.
·         Por mais individual que seja o sentido da minha ação, o fato de agir levando em consideração o outro dá um caráter social a toda ação humana.
·         Mas a ação social, embora seja social pois leva em conta o outro, é diferente de uma relação social. Para Weber, a relação social ocorre quando o sentido das ações é compartilhado.
EXEMPLO: Pedir informação à alguém na rua é simplesmente uma ação social, pois você tem um motivo e age conforme ele, mas o sentido de sua ação não é compartilhado pela outra pessoa. Já quando se está em uma sala de aula, todos estão agindo com o mesmo objetivo, ou seja, o sentido da ação é compartilhado por todos e, portanto, é relação social.
C.   A Tarefa do Cientista.
·        Durkheim dizia que os fatos sociais tinham de ser tratados como coisas, ou seja, que era necessário se colocar “fora” da sociedade, para se ter uma visão imparcial.
·        Weber nega essa possibilidade e afirma que o cientista, como uma pessoa comum,também age sendo guiado por seus motivos.
·        Sua meta é compreender, buscar os nexos causais que dêem o sentido a ação social.
·        Qualquer que seja a perspectiva adotada pelo Cientista, ela sempre resultará numa explicação parcial da realidade.
·        O que garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão, não a objetividade pura dos fatos.

D.   O Tipo Ideal.
·        Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir de casos particulares analisados.
·        Sendo o objeto de estudo a ação social, em sua causa e sentido, Weber analisa as ações tentando extrair delas o seu sentido e causa, formulando um modelo de cada ação que permita analisar outros casos semelhantes.
·        Este modelo é criado pelo sociólogo, baseado nos casos observados, mas que não existe realmente. É, portanto, um modelo ideal, que serve para comparar com a realidade, deixando evidente as semelhanças e diferenças.
·        Este modelo, Weber chama de Tipo Ideal. È o seu recurso metodológico, ou seja, é o instrumento que lhe permite compreender as várias ações do mundo social.

E.    Um exemplo de estudo: A ética protestante e o espírito do Capitalismo.
·         Utilizando de dados estatísticos sobre a aceitação da doutrina protestante entre homens de grande negócio, empresários bem sucedidos e mão-de-obra qualificada, Weber tenta compreender a relação entre a doutrina protestante, como motivo das ações destas classes e o desenvolvimento do capitalismo.
·         Descobre que:
1.    A relação entre a religião e a sociedade não se dá por meios institucionais, mas por intermédio de valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos de ação social. A motivação do protestante, segundo Weber, é o trabalho, enquanto dever e vocação, como um fim absoluto em si mesmo, e não o ganho material obtido por meio dele.
2.    O motivo que mobiliza internamente os indivíduos é consciente. Entretanto, os atos individuais não vão além das metas propostas e aceitas por eles. Buscando sair-se bem na profissão, mostrando sua própria virtude e vocação e renunciando aos prazeres materiais, o protestante puritano se adapta facilmente ao mercado de trabalho, acumula capital e reinveste produtivamente.
3.    Ao sociólogo cabe, segundo Weber, estabelecer conexões entre a motivação dos indivíduos e os efeitos de sua ação no meio social. Desta forma, Weber analisa os valores do catolicismo e do protestantismo, mostrando que os valores protestantes revelam tendência ao racionalismo econômico, base da ação capitalista.
Para constituir o tipo ideal de capitalismo ocidental moderno, Weber estuda as diversas épocas e lugares, antes e após o surgimento das atividades mercantis e da indústria. E, conforme seus princípios, constrói um tipo gradualmente estruturado a partir de suas manifestações particulares tomadas à realidade histórica. Assim, diz ser o capitalismo, na sua forma típica, uma organização econômica racional assentada no trabalho livre e orientada para um mercado real, não para a mera especulação ou rapinagem. O capitalismo promove a separação entre empresa e residência, a utilização técnica de conhecimentos científicos e o surgimento do direito e da administração racionalizados.

2 comentários:

  1. Professor se possível envie mais textos de sociologia do vestibular da Uel adorei estes e está ajudando muito.Obrigada pela iniciativa.

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  2. Professor se possível envie mais textos de sociologia do vestibular da Uel adorei estes e está ajudando muito.Obrigada pela iniciativa.

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